Sem medo do dentista

22/06/2012 14:57

Sem medo do dentista

Um procedimento utilizado com freqüência há mais de 40 anos nos consultórios odontológicos dos Estados Unidos e da Europa foi recentemente regulamentado e autorizado para uso no Brasil. Trata-se da inalação de uma mistura de óxido nitroso e oxigênio antes e durante o atendimento. As substâncias produzem uma diminuição da frequência cardíaca e respiratória, deixando o paciente levemente sedado, mas sem perder a consciência. A técnica é chamada de analgesia inalatória, mas também é conhecida como sedação consciente, uma expressão mais correta, tendo em vista que ela só tranqüiliza o paciente, sem o anestesiar. Uma das vantagens é que, por estar mais tranqüilo, a quantidade de anestésico local utilizada provavelmente será bem menor. Pelo mesmo motivo, o sangramento em cirurgias deve ser menor. Para evitar náuseas, recomenda-se que antes da aplicação, o paciente fique em jejum de duas horas de líquidos e quatro de sólidos. Durante todo o procedimento, ele inala a mistura de oxigênio e óxido nitroso por uma máscara colocada sobre o nariz. Por isso, é importante que o paciente respire pelo nariz, e não pela boca, e se mantenha acordado. Além disso, o paciente deve ser monitorado por oximetria (taxa de oxigênio no sangue) todo o tempo. Ao contrário dos aparelhos hospitalares, no aparelho odontológico, a porcentagem máxima de óxido nitroso é de 70%, com 30% de oxigênio puro. Com uma mistura de 50 % de cada um, é comum a sensação de formigamento nas mãos e nos lábios. Antes de terminar a analgesia, o paciente inala oxigênio puro por cinco minutos, tempo suficiente para eliminar praticamente todo o efeito residual do óxido nitroso.

 

INDICAÇÕES E SEGURANÇA
A analgesia inalatória é indicada para pessoas com fobia ao tratamento odontológico, nervosos, ansiosas, diabéticas, hipertensas ou cardiopatas sob controle. Em contraponto, não deve ser usada por gestantes, pacientes anêmicos, leucêmicos ou imunocomprometidos e pessoas com problemas do trato respiratório superior, como desvio do septo nasal, aumento das adenóides ou inflamações nos pulmões. Além disso, é contra-indicada para pacientes psiquiátricos (esquizofrênicos paranóicos, por exemplo, devido à dificuldade que eles têm em permanecer o tempo todo com a máscara). Segundo o presidente da Associação Brasileira de Analgesia Inalatória e Sedação Consciente em Odontologia (Abasco), João R. F. da Rosa, esta é uma técnica com altíssimo grau de segurança, com poucas reações adversas e praticamente sem riscos, já que o paciente recebe suprimento de oxigênio durante todo o tempo. Não existe na literatura científica mundial qualquer alusão à possibilidade dessa técnica causar convulsão, como a mídia recentemente questionou. No Brasil, infelizmente, a técnica ainda á pouco difundida, devido ao alto custo da aparelhagem necessária. O profissional deve ser habilitado e devidamente treinado para a realização do procedimento. - Lisany Manfrim Contrera é cirurgiã-dentista -

 

Fonte: Revista Vida e Saúde - junho 2007